sábado, 4 de dezembro de 2021

Reconstruindo O Crime do Padre Amaro

Inicialmente, o tema do meu projeto para a presente unidade curricular era trabalhar a minha cidade natal, Leiria, incorporando-a num livro de artista. Porém, ao ser confrontada com a carga de conteúdos que teria de criar durante o processo, o professor Queiroz surgiu, então, reconstruir visualmente uma obra literária. O Crime do Padre de Amaro foi a escolha mais evidente, visto ser um dos romances portugueses mais marcantes até hoje e por a trama se centrar na cidade de Leiria.

Publicado em 1875, O Crime do Padre Amaro foi o primeiro romance de Eça de Queirós e marcou a esfera portuguesa por tecer uma dura crítica à vida social portuguesa, denunciando a hipocrisia dos valores burgueses e a corrupção do clero em questões como a corrupção nos padres – que manipulavam a população em favor da elite – e o celibato clerical. Quebrando com o idealismo romântico que se estabelecia até então, é com esta obra que Eça de Queirós inaugura, na prosa, a estética do realismo em Portugal (Guia do Estudante, s.d.).

Como muitas das obras de Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro tem um forte vínculo crítico, retratando a realidade da sociedade num romance de tese, ou seja, um romance que explica os problemas sociais.



A trama centra-se no romance proibido entre duas personagens: o padre Amaro e a jovem Amélia, a filha da dona da pensão que o recebe. A atração entre ambos é evidente desde que se conhecem e vai aumentando cada vez mais, embora tentem evitar e esconder os seus sentimentos. 

Entre personagens secundárias que apoiam o romance ou os tentam separar, o casal começa a ter um relacionamento secreto que acaba em tragédia quando Amélia engravida e é abandonada por Amaro. A fim de esconder o caso, Amélia é enviada para longe e o padre planeia o assassinato do bebé assim que ele nascer. Amélia morre depois do parto e Amaro, triste pelo falecimento da amante, tenta recuperar o filho, mas é tarde demais, pois a criança já tinha sido morta. Traumatizado, Amaro abandona Leiria e continua a ser padre. 

Para o presente projeto, pretende-se fazer um livro físico que incorpore momentos chave da obra, tais como: a chegada de Amaro a Leiria, a primeira vez que conhece Amélia, as principais cenas do seu romance proibido, o artigo escrito anonimamente por João Eduardo – ex-noivo de Amélia – em que denuncia a imoralidade de alguns padres de Leiria, a gravidez indesejada e o desfecho da obra. 

Como O Crime do Padre Amaro já se encontra em domínio público, é relativamente fácil encontrar o manuscrito na íntegra embora seja uma edição bastante antiga com um acordo diferente do utilizado atualmente. Assim sendo, será importante ter particular atenção à sua revisão nas partes que sejam transcritas da obra. 

Em relação ao design, o livro de artista será trabalhado em programas como Adobe InDesign e Adobe Photoshop, criando uma aparência que, cromaticamente, simbolize o ambiente do livro e do desenrolar da história. Será tido em bastante foco os cenários da obra, como por exemplo, o Largo da Sé, a Torre Sineira, entre outros, e a descrição do enredo. 

Além do projeto incorporar uma fisicalidade semelhante à de um livro, planeia-se construir materiais singulares que complementem o projeto e que sejam baseados nas cartas trocas entre Amaro e Amélia e a notícia publicada por João Eduardo. Ademais, e ao longo de todo o livro de artista, planeia-se incorporar elementos que estejam intrinsecamente ligados à cidade de Leiria.

 

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Guia do Estudante. (s.d.). O Crime do Padre Amaro: resumo e análise da obra de Eça de Queirós. Consultado em 20 dezembro 2021. Disponível em https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/o-crime-do-padre-amaro-resumo-e-analise-da-obra-de-eca-de-queiros/

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