terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Graffiti vs StreetArt

                                                   Graffiti vs StreetArt

Introdução  

O meu gosto e alguma experiência que tenho por esta arte, suscitou-me um particular interesse em conhecê-la um pouco melhor. É uma realidade que o grafiti é uma expressão artística que é utilizada em locais públicos — muros, paredes de grandes edifícios e até o próprio chão, servindo de tela aos grafiteiros.


Para conhecermos um pouco da sua história, temos de recuar, há mais de 2 mil anos, época em que alguns muros de Roma já ostentavam pinturas que criticavam políticos, em imagens cheias de ironia. Em Pompeia, ainda é possível encontrar muros com pinturas que simbolizavam um protesto. 



Gravura (1854-90) dos irmãos Fausto e Felice Niccollini da Rua Templo de Júpiter Pompeia, Itália.


Nos tempos atuais e, na forma como todos conhecemos o grafiti, em Paris e Nova Iorque, nos os anos 60 e 70, começaram-se a mostrar em suas paredes as primeiras obras de artistas anônimos que buscavam se expressar. Nestas décadas atrás referenciadas estes ideais de grafiti tiveram origem em temas da transgressão e da contracultura, um movimento que criticava e questionava a cultura determinante de uma cidade. Essas características embasaram e movimento e existem até hoje, na atualidade.


Comboios nos anos 1970, na cidade de Nova York (EUA).

 Diferenças entre Graffiti e StreetArt


Ambas são pinturas feitas em muros, imóveis ou outras superfícies públicos ou privados. Essa é a principal semelhança entre eles e o grande motivo da confusão entre os dois. 

O que difere essas duas práticas, contudo, são as formas das pinturas. O Graffiti (vandalismo), geralmente, consiste em escrever dizeres (nome de graffiter). A streetart, por sua vez, refere-se na maioria das vezes a desenhos de forma a embelezar e/ou transmitir uma mensagem.

Enquanto pintura, constituída a partir de diferentes formas e cores, a streetart tem valor estético e, por isso, é considerado como uma expressão artística contemporânea, tendo sido cada vez mais bem aceite pela sociedade.

O graffiti, ao contrário disso, é entendido como uma degradação da paisagem urbana, considerado uma expressão sem valor artístico, de modo que se enquadra como um ataque ao patrimônio e, portanto, crime.

Graffiti é crime ambiental, Além do crime de vandalismo cometido pelo cidadão, a legislação 

também prevê o crime de dano prescrito no Código Penal, podendo este ser cometido tanto em património público quanto particular.

Quanto ao grafite , ele é permitido nos casos em que seu objetivo seja valorizar um patrimônio, desde que a prática seja aprovada/patrocinada pelo proprietário, no caso de um bem privado, ou pelo órgão responsável, se for um bem público.


 Do “gueto” aos museus de arte

Partindo da anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples”, o Grafite saiu do seu gueto – o metro – e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.

Há que referir Os Gémeos, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo. A eles se devem a grande fachada da Tate Modern de Londres

Outra data a assinalar, é o movimento contra cultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter pó ético-político, e a prática da grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos.

Os grafitis podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão.

Dentre os graffiters, talvez o mais célebre seja Jean-Michel Basquiat, que, no final dos anos 1970, despertou a atenção da imprensa nova-iorquina, sobretudo pelas mensagens poéticas que deixava nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan. Posteriormente Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Atualmente no século XXI, muitas pessoas usam o graffiti como arte em museus de arte.


Peça de Peter Schjeldahl

A primeira grande exposição de Grafite foi realizada em 1975 no “Artist’s Space”, de Nova York, com apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra “New York/New Wave” organizada por Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova York.

Os graffiters/street artists mais famosos do mundo


 ARYZ


 

   Aryz é um artista espanhol bastante conhecido por produzir sua arte em grande escala em murais enormes e fachadas de prédios. Compondo pinturas que retratam figuras irreais, como aliens, animais e pessoas estranhas, o trabalho desse grafiteiro é conhecido ao redor do globo.

 

BANKSY



 

   Banksy é um artista inglês, venerado por muitos, mas anónimo que compõe obras repletas de críticas sociais e políticas. Contando com uma estética única, Banksy é considerado por muitos como o grafiteiro mais famoso do mundo. Seus trabalhos podem ser admirados tanto na Inglaterra, como nos Estados Unidos, na França e em outras partes do globo e, muitas vezes, são alvos de polêmica.

 

Chris Ellis (DAZE)



   Daze é um grafiteiro americano que marcou a história da cultura underground do movimento. Com pinturas espalhadas tanto nos Estados Unidos, como nas principais galerias de arte do globo, Daze também representou o mercado da arte, ao expor suas obras em galerias.

 

   Edgar Müller  


 

   Especialista em arte de rua, Edgar Müller é um famoso grafiteiro alemão que desde criança demonstrou seu amor pela arte. Com trabalhos que chamam a atenção pela beleza, a técnica apresentada por Edgar Müller é espantosa, já que o artista produz desenhos tridimensionais que hipnotizam e promovem efeitos de ilusão de ótica.

 

JEAN-MICHEL BASQUIAT



 

   Contundente e crítico, Jean-Michel Basquiat foi um emblemático artista americano que produziu obras carregadas de temas sociais e políticos. Explorando tanto a arte de rua, como expondo nos maiores museus do mundo, Basquiat é considerado um ícone pop.

 

KURT WENNER



   Considerado por muitos como um dos maiores pintores da atualidade, Kurt Wenner é um artista americano que reinventou a arte de rua utilizando uma técnica única. Por meio dela, Wenner mistura dimensões em 3D, dando um forte realismo às suas obras.

 

  MIGUEL ÁNGEL BELINCHÓN BUJES (BELIN)



   Apresentando um trabalho emblemático, Belin é um famoso graffiter espanhol que, com genialidade, chama a atenção por sua qualidade técnica ao expor, com bastante senso de humor, caricaturas muito bem-feitas que, como uma espécie de mágica, parecem adentrar nas fronteiras do surrealismo.

 

 

MIRKO REISSER (DAIM)



   Mais conhecido como Daim, o alemão Mirko Reisser é um dos mais famosos grafiteiros do mundo. Compondo peças de cair o queixo, o trabalho de Daim apresenta a ilusão do 3D e elevada qualidade técnica.

 

 

OTÁVIO E GUSTAVO PANDOLFO (OS GÊMEOS)

 



   Considerados os grafiteiros mais famosos do Brasil, Os Gémeos, Otávio e Gustavo Pandolfo, contam com obras espalhadas ao redor do mundo. Trabalhando com materiais recicláveis, esses grafiteiros famosos abordam temas variados em sua arte, produzindo tanto conteúdo social como os relacionados a temas familiares.  

 

Frank Shepard Fairey



   Considerado um dos artistas de rua mais influentes da atualidade, Shepard Fairey é um dos mais famosos grafiteiros do mundo. Seu trabalho ficou bastante conhecido após a criação do pôster “Hope”, que representou um ícone da campanha presidencial de Barack Obama, em 2008.





 João Carlos Canotilho | @canotilho_ | 14600

Estudos Avançados de Cultura Visual | Prof. João Queiroz | FBAUL | 2022/2023





Sem comentários:

Enviar um comentário