A evolução da comunicação visual tem vindo a progredir desde sempre. Partindo do período primitivo até à atualidade, as formas de representação, as técnicas e as abordagens utilizadas na história do design foram sendo expandidas criando uma linguagem cada vez mais desenvolvida e inclusiva. Através da inovação e da procura de um design acessível, o artista e designer italiano Bruno Munari, foi uma das figuras mais relevantes ao longo deste progresso.
Quando
falamos de expressão multidisciplinar na arte, o trabalho deste artista
sobressai na sua diversidade e ousadia. As suas obras refletem sobretudo uma
preocupação e um interesse pelas circunstâncias e pela realidade que o rodeava.
A arte e o design deviam incidir sobre a sociedade e a forma como era recebido
por todo o tipo de público, desde os mais novos até aos mais velhos. Dentro das
suas muitas criações e ideias progressistas, por volta da década que sucedeu a
Segunda Guerra Mundial, Munari começou a explorar diferentes variações dentro
do design do livro enquanto objeto. Inicialmente designados por “Livros Ilegíveis”,
esta experimentação passou pelo desenvolvimento de uma peça que se afastasse dos
ideais convencionais que definiam o livro. Geralmente, na composição de uma publicação
incluímos uma série de “elementos base”, sendo que cada um desses componentes
desempenha a sua função consoante foi inicialmente projetado. A tipografia, a
imagem e o próprio suporte da obra seguem sempre um padrão estabelecido. Bruno
Munari vem questionar este processo, apresentando uma solução empírica que pretende demonstrar uma nova abordagem na comunicação visual. Os Pré-Livros ou Livros
Ilegíveis, ao contrário do livro comum, enaltecem os recursos gráficos que por
norma têm um papel secundário. A cor, as texturas, os formatos e a encadernação
são desenvolvidos e aplicados como uma mais-valia, proporcionando ao público uma
perspetiva sensorial.
A presença da arte, o modo como as crianças interpretam o que as rodeia e a maneira como estimula a sua criatividade, sempre foi do interesse deste artista. Posto isto, mais uma vez a sua preocupação em tornar então o design inclusivo, reflete-se no conceito por detrás das suas criações. Munari acredita que a aprendizagem deve ultrapassar os métodos monótonos e tornar-se numa experiência dinâmica, explicando que a maioria dos adultos não apreciam a leitura por a considerarem um processo entediante. Assim sendo, um dos principais objetivos deste projeto seria começar por propor uma modificação no contacto com o livro e tornar o conhecimento uma possibilidade para qualquer um, começando pelos mais pequenos.
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