domingo, 26 de maio de 2024

As pinturas dos tetos do Museu Militar - Obras escondidas

Este ano, tive a oportunidade de conhecer o Museu Militar de Lisboa (MML) pela primeira vez, graças a um trabalho realizado no âmbito da cadeira "Educação Artística em Museus e Centro de arte". Antes desta experiência, nunca havia sequer cogitado em visitá-lo, mesmo tendo um pai na área militar, confesso que o assunto nunca foi algo que despertasse particularmente o meu interesse. No entanto, ao entrar no MML pela primeira vez, fui surpreendida e encantada pelo o que encontrei no seu interior.

Este museu tem um acesso relativamente fácil, situado mesmo em frente à estação de Santa-Apolónia, facilitando o acesso para quem vem de metro ou comboio, então não há desculpas para nunca o ter ido visitar em 22 anos de vida.

A primeira associação que fazemos ao pensar num museu militar é, naturalmente, relacionada a objetos históricos militares: armas, espadas, uniformes, capacetes e outros artefactos de guerra. Esta era exatamente a minha expectativa inicial. Porém o que realmente me cativou e impressionou foram os magníficos tetos do MMl. Nunca imaginei que um museu militar pudesse abrigar tamanha riqueza artística e detalhamento no seu interior, de facto estava à espera de encontra algumas pintura de reis e militares importantes, mas cada teto deste museu é rico com pinturas deliciosas de se ver.

Apesar de cada pintura ser um verdadeiro deleite para quem aprecia este tipo de arte, gostaria de destacar a pintura do teto da sala dedicada a D. Maria II (sala onde estive a realizar a atividade referida acima) e a pintura da sala Luís de Camões.

Infelizmente, devido à falta de tempo, não me foi possível averiguar os autores de ambas as pinturas quando estive de visita ao museu e, curiosamente, também não encontrei informações online que me pudessem auxiliar. No entanto, a riqueza dos detalhes e a profundidade das cenas representadas merecem ser descritas com atenção.

No centro da sala D. Maria II, encontra-se uma impressionante pintura de temática alegórica. A cena central é dominada pro uma figura feminina vestida de azul, cor que simboliza a fé, harmonia e tranquilidade. Esta figura está equipada com uma armadura, um capacete, um escudo e uma lança na mão direita, remetendo a uma representação clássica de uma deusa ou uma figura de autoridade militar. Ela está cercada por diversas figuras femininas e masculinas que seguram objetos específicos, como por exemplo:

  • Na esquerda observamos um homem de manto vermelho que parece estar a escrever um livro, possivelmente a representar a sabedoria e a documentar o acontecimento retratado na pintura;
  • Acima do primeiro homem, há outro personagem que segura numa espada e numa balança, sugerindo uma alusão à justiça e ao equilíbrio;
  • Já à direita, uma mulher segura num jarro, enquanto outra segura numa chave. 



Infelizmente, pela falta de informação, não me é possível falar com certezas sobre os simbolismos e as personagens presentes nesta obra. O que posso dizer, com certeza, é que é uma pintura magnifica que passa despercebida aos olhos de muitos visitante.

Agora, passemos para a pintura na sala dedicada a Luís de Camões. A primeira vez que visitei o MML, grande parte das pinturas dos tetos passaram-me despercebidas. Foi só durante a atividade referida em cima que, numa conversa com o meu pai, que estava de visita ao museu, que ele chamou-me à atenção para um detalhe escondido. 


O teto desta sala é adornado com quatro esculturas nos cantos, que se intercalam com pinturas tão habilmente executadas que, à primeira vista, parecem esculturas. Esta ilusão é causada através da representação de pequenos querubins pintados, que se misturam com os ornamentos. Pintados de branco sobre um fundo amarelo, esses querubins parecem saltar da parede. A maestria técnica empregada na pintura cria uma ilusão de tridimensionalidade, dando vida e dinamismo à decoração do teto.

Os tetos do MML são verdadeiras obras de arte, com detalhes ornamentais que revelam um cuidado estético minucioso, obras escondidas do olhar comum que apenas observa o que está no seu campo de visão. Estes elementos, não só embelezam o espaço, como também narram histórias e tradições, proporcionando uma experiência imersiva através da habilidade artística e a atenção ao detalhe  com que foram feitos.

A minha visita ao museu mudou a minha visão sobre o que um espaço que supostamente era dedicado à história militar, na verdade vai muito mais além que isso, mostrando-me que mesmo os temas que não me atraem podem revelar tesouros surpreendentes. Foi uma descoberta inesperada e gratificante, perceber que o Museu Militar de Lisboa é um lugar onde a arte e a história se entrelaçam de maneira tão harmoniosa.

 


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