Paradisaea foi o nome da exposição que deu a conhecer, no final de 2018, a evolução da identidade daquele que é um dos maiores clubes referência do panorama lisboeta, na celebração dos seus 20 anos.
O acervo constituído por um espólio de convites e programas mensais da casa, organizado por ordem crescente, mostra claramente a evolução do design e de que forma este acompanhou a própria evolução das tecnologias e das tendências na comunicação (nomeadamente no 3D e nos próprios suportes de divulgação). Foi também um espaço de experimentação não só musical como artística, na combinação de vários media diferentes. O visionário trabalho de artistas, designers e criadores é revisitado aqui com o intuito de dar a conhecer a um público mais generalista a imagem de uma discoteca que é muito mais que apenas isso e foi pioneira no modo como se comunica a si e aos seus eventos, em Portugal.
O estilo eminentemente ousado, desafiador, arrojado, provocador e que rompe tendências, desafia todas os cânones da comunicação tradicionais, explora as qualidades gráficas da tipografia e propõe uma nova abordagem à comunicação cultural. Sem descurar o carácter informativo da programação mensal, os objetos gráficos eram considerados objetos artísticos independentes e com valor autoral próprio. Vemos nos objetos produzidos uma mistura de colagem, fotografia, tipografia, ilustração e design de informação, uma hierarquização de conteúdos inesperada mas brilhante. Cada objeto é pensado ao pormenor. Assim, o colecionismo dos programas acabou também por ser motivado.
David Carson e Neville Brody constituíram uma influência relevante na comunicação da discoteca (NEVES, 2011).
David Carson |
Neville Brody |
Importante ainda notar a forma como a comunicação se foi adaptando aos meios; o papel não deixou de ter importância na era das redes sociais embora tenha obviamente descido consideravelmente. Uma discoteca que sempre privilegiou os convites impressos - cujo design era sempre bastante diferenciado e atrativo - na adaptação à nova era, começou a pensar a comunicação dos eventos também nas plataformas e tudo o que isso implica. No entanto, num estudo realizado por Alexandre Anahory da Cruz Neves, “38% dos inquiridos afirmou já ter ido ao LuxFrágil por causa apenas dos convites impressos em papel que lhes chegaram às mãos” (NEVES, 2011).
Ao mesmo tempo tem sido avaliada a forma como as redes sociais eliminam a oportunidade de explorar as propriedades materiais dos convites bem como a sua produção, aspeto em que também procuraram destacar-se. Com menos um elemento de destaque e num meio próprio do imediatismo, o desafio está agora na reinvenção do Lux nas plataformas digitais. O responsável da comunicação do Lux referiu ainda que o formato de flyer não foi esquecido e continua a ser produzido para o meio digital, em formato pdf. (Cruz, 2011)
Susana Pomba, responsável pela comunicação da discoteca nas redes sociais comenta: “Quando antes ias ao site oficial ver a programação ou levavas o flyer físico para casa, para pôr na parede, hoje em dia não: esperas que o Facebook te dê essa informação, ou procuras lá, ou perguntas na zona dos comentários. “
No fundo,o Lux é uma marca que tem vindo a persistir e a reinventar-se ao longo dos anos, num esforço permanente por se manter atual ou a um passo à frente, no que toca à comunicação da programação cultural.
Referências
NEVES, Alexandre Anahory da Cruz - Lux fragil. Um caso de estudo de design gráfico experimental. Lisboa : FA, 2011. Tese de Mestrado
NEVES, Alexandre Anahory da Cruz - Lux fragil. Um caso de estudo de design gráfico experimental. Lisboa : FA, 2011. Tese de Mestrado
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