sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Duane Michals, um Contador de Histórias


“If I see a photograph of a woman crying I want to know why she’s crying (…). You could stare at a picture of my father for days and still not know the first thing about the man or my relationship with him, so I write to fill in where the image fails. The writing isn’t a caption either – a caption tells you what you’re looking at, and as I said, I’m not interested in appearances. I’m really writing for myself rather than for an audience – I’m writing because I need to say what I feel out loud.” 
Duane Michals
(Mckenna, Kristine (1993). Los Angels Times)

Duane Michals, fotógrafo americano com principal influência na década de 60, é considerado um dos grandes inovadores na área da fotografia do século XX. Dono de um olhar singular perante o mundo e a natureza humana, a sua obra é marcada por uma constante experimentação e pela procura dos sentimentos e expressividade.

Michals não se limita a descrever a realidade, procurando retratar o que os olhos não veem, o que existe para além da imagem, atribuindo à fotografia uma dimensão narrativa e não apenas descritiva ou contemplativa. As suas fotografias revelam um olhar para além da observação, onde reina a emoção e a verdade, evidente em fotografias como There are Things Here Not Seen in This Photograph (1977).

There are Things Here Not Seen in This Photograph (1977), Duane Michals

Nesta fotografia, é revelado um bar. Desde às garrafas, aos bancos e à máquina de cigarros, o espetador é convidado a imaginar a história deste lugar. No entanto, é a escrita que se encontra em redor da imagem que a complementa e a transpõe para uma dimensão narrativa e de certa forma misteriosa. Através do texto, Duane Michals descreve o que viu, ouviu e sentiu neste espaço, possibilitando assim, o transporte do espetador para este imaginário e que este se torne parte da história. É dado a conhecer a música que passava na Jukebox do bar, o sabor da cerveja que bebia e que, no entanto, não lhe matava a sede, entre outros. A sua escrita completa a fotografia, permitindo-lhe, não só ultrapassar a barreira da descrição e ser mais pessoal, como também, através da sua caligrafia, atribuir uma outra dimensão ao significado das suas imagens e expor as suas reflexões, que tanto podem ser fatídicas, poéticas, humorísticas ou tudo ao mesmo tempo.

Desafiando os limites entre a arte e a fotografia, entre a realidade e a ficção, Duane Michals apresenta uma vasta obra fotográfica caracterizada pelo seu caráter confessional, íntimo, e com um grande sentido de humor. Fotografias como This Photograph is My Proof (1967-74) ou A Letter From My Father (1960-75) são o resultado de uma prática livre das limitações da câmara fotográfica, marcada pelas histórias, pelo retrato da natureza humana e pela procura da emoção e do sublime.


This Photograph is My Proof (1967-74), Duane Michals

A Letter From My Father (1960-75), Duane Michals

Referências:



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