Museu de Lisboa
A história da cidade de Lisboa está toda neste palácio lisboeta
Campo Grande, 245, 1700-091 Lisboa
Horário: Terça a domingo, das 10h às 18h (última entrada às 17h30); encerrado às segundas-feiras e nos feriados de 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro
Bilhetes: Entrada geral a €3; gratuita aos domingos de manhã para residentes em Portugal
O Palácio Pimenta tem, indiscutivelmente, um papel de destaque na preservação e divulgação da história da capital portuguesa. A sua localização privilegiada, no Campo Grande, aliada à beleza do edifício setecentista e à serenidade dos jardins, oferece um contexto ideal para um museu que pretende contar a história de Lisboa. No entanto, apesar dos seus muitos méritos, a experiência do visitante não está isenta de limitações.
Construído entre 1734 e 1746, o Palácio Pimenta surgiu como residência de verão de Diogo de Sousa Mexia, figura importante durante os reinados de D. Pedro II e D. João V. Ao longo do tempo, o edifício passou por diversas mãos, tendo pertencido, entre outros, a Manuel Joaquim Pimenta de Carvalho, cujo nome acabaria por perdurar. Em 1962, o palácio foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, que viria a transformá-lo, em 1979, no então designado Museu da Cidade, hoje Museu de Lisboa. A exposição permanente conduz os visitantes por uma viagem no tempo, desde o Paleolítico até ao século XX, revelando as múltiplas faces da capital. Um dos pontos altos do museu é a impressionante maquete de Lisboa antes do terramoto de 1755, composta por cerca de dez mil miniaturas, num conjunto que ocupa mais de dez metros de comprimento e quatro de largura. O acervo é vasto e diversificado, incluindo cerâmicas, mapas, gravuras, mobiliário de época e documentos originais que ajudam a contar a história multifacetada da cidade.
A exposição permanente cumpre bem o seu propósito educativo, apresentando uma narrativa cronológica clara desde a pré-história até ao século XX. A maquete da Lisboa anterior ao terramoto de 1755 é, sem dúvida, um ponto alto: impressionante tanto pela escala como pelo detalhe. Ainda assim, há momentos em que a museografia parece algo datada, com certos núcleos expositivos a dependerem excessivamente de painéis informativos extensos e pouco interativos, o que pode tornar a visita mais expositiva do que experiencial.
Existem 11 salas no primeiro andar da exposição de longa duração que reabriu ao público, depois de três anos encerrado para remodelações. Desde 2015 que o núcleo-sede do Museu de Lisboa, no Campo Grande, estava em obras.![]() |
A sala onde estão expostos os seis planos da reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755 |
Além disso, embora o acervo seja vasto e relevante, há uma certa fragmentação na forma como é apresentado. Em alguns espaços, o discurso expositivo carece de uma maior ligação emocional ou temática entre os objetos e a cidade contemporânea. Falta, por vezes, uma abordagem mais ousada ou reflexiva sobre os desafios históricos de Lisboa, como a ditadura, a revolução ou as transformações urbanas recentes, que poderiam ser abordados de forma mais direta, reforçando a pertinência do museu no debate atual sobre a cidade.
Entre esses espaços, destaca-se o imperdível Jardim Bordallo Pinheiro, inaugurado em 2010. A sua criação partiu de uma ideia da então jornalista Catarina Portas e ganhou forma pelas mãos da artista Joana Vasconcelos, que lhe deu vida com a sua visão singular. É um verdadeiro tesouro visual e sensorial que merece ser descoberto, onde se exibem impressionantes peças cerâmicas inspiradas nos moldes originais do célebre artista, dando vida a figuras de animais, insetos e elementos vegetais. Complementando este ambiente sereno, os Pavilhões Branco e Preto recebem regularmente exposições temporárias dedicadas a Lisboa e às expressões artísticas portuguesas.
Explorar a história de Lisboa no Palácio Pimenta é realmente uma jornada fascinante, que se torna ainda mais completa quando, ao sair para os jardins, despertamos os sentidos de forma plena. A vista encantadora, o canto dos pássaros e os aromas delicados das flores criam um ambiente único que transforma a visita numa experiência memorável e sensorial.
Sem dúvida, depois desta imersão, olha-se para Lisboa de uma forma renovada, sentindo uma ligação mais profunda com a riqueza cultural e a herança que moldou esta cidade ao longo dos séculos.