Um livro representa muito mais para além de um grupo de registos em papel. Conseguimos entender este objeto, quando nos permitimos adquirir um olhar mais aberto e espontâneo ao que nos é apresentado. Um livro pode ser um veículo, uma manifestação, um sentimento, uma identidade… Na exposição “Narrativas do Eu – Livros de Artistas Mulheres”, proporcionada por Leonor Antunes na Biblioteca de Arte Gulbenkian, conseguimos ter um vislumbre do impacto que a arte e o livro em conjunto podem gerar. Através de uma seleção de livros de artista executados por mulheres como Isabel Baroana, Ana Hatherly, Patrícia Almeida, Ana Vidigal, Alice Geirinhas, etc., é-nos apresentada uma perspetiva pessoal e por vezes até autobiográfica, das preocupações femininas num formato artístico e experimental.
Desde o século XX, os parâmetros clássicos do que era de facto considerado um livro, têm vindo a ser desafiados. Por volta da década de 1960, com o aparecimento da arte conceitual enquanto movimento artístico, a estrutura convencional de um espaço para as artes começou a ser criticada. Tanto artistas como designers, começaram a optar pelo método de self-publishing e viram este objeto como uma ferramenta de protesto ou de difusão de ideias e princípios. Apesar deste ser um progresso que vem acontecendo desde o início do século, foi a partir do ano de 1970, período no qual o feminismo se estava a manifestar ativamente, que existiu um maior reconhecimento do trabalho da mulher nesta área. A designer americana Sheila de Bretteville, foi uma das pioneiras que impulsionou e possibilitou esta mudança, criando espaços dedicados a dar voz à visão das mulheres artistas.
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