A pesquisa inicial sobre o livro de artista desenvolveu-se em três fases: uma definição sucinta do que é um livro de artista; os lugares (editoras, livrarias, museus ou bibliotecas) especializados neste tipo de publicações e alguns exemplos de referência; por fim, uma reflexão sobre qual poderia ser a abordagem ao livro de artista, no âmbito do trabalho a desenvolver na cadeira de "Estudos Avançados de Cultura Visual".
Relativamente à definição de "Livro de Artista", embora possa ser um pouco ambíguo, para não dizer subjetivo e amplo, parece haver um consenso em torno do seu conceito. Trata-se de um objeto autoconsciente e autoreflexivo, normalmente de pouca tiragem, que é elevado à categoria de objeto de arte, isto é, o livro de artista acrescenta e expande o seu próprio conteúdo, tornando-se ele mesmo uma obra de arte. Por outras palavras, um livro de artista é uma obra de arte em forma de livro. Para além disso, deve questionar, e se possível transcender, os limites do seu próprio formato de livro, ou seja, deve ser mais do que um livro. Este carácter subversivo e o seu potencial conceptual, formal ou metafísico aproxima o livro de artista do campo do metalivro.
"What distinguishes an artist's book from any other publication is its ability to destroy any preconceived ideas regarding a book's essence, form and function"
Existem diversas editoras, normalmente de pequena escala (na Europa) ou de grande escala (nos EUA, onde o conceito de livro de artista está mais explorado e disseminado, sobretudo a partir dos anos 60, com o Ed Ruscha), dedicadas sobretudo à publicação de livros de artista. Em Portugal, destacam-se pelo menos duas reconhecidas: a Pierre von Kleist Editions e a XYZ Books. A STET - Livros & Fotografias é uma livraria especializada em livros de artista (sobretudo de fotografia) e quer a Biblioteca de Artes da Gulbenkian quer a de Serralves possuem uma boa colecção também deste tipo de livros. A nível europeu, as livrarias ou editoras de referência neste campo são, por exemplo, a Roma Publications, em Amesterdão, ou a Corraini Edizioni, em Itália, ou ainda Les Presses du Réel, em França, entre muitas outras editoras independentes.
Poderia ainda enumerar um sem fim de instituições artísticas (como o MoMa, em Nova Iorque) ou um sem número de artistas que se dedicaram eles próprios à publicação e investigação do livro como veículo artístico (como a artista portuguesa Lourdes Castro, por exemplo, com o seu Grand Herbier D'Ombres ou o fotógrafo/arquiteto Duarte Belo e a editora Museu da Paisagem). Opto por pôr aqui alguns exemplos fundadores e mais disruptivos deste tipo de livros:
1. Vários autores, The Collaborative, Interactive Book Art of the Russian Futurists, 1ª e 2ª década do séc. XX.
2. Filipo Marinetti, Les Mots en Liberté Futuristes, Edizioni Futuriste di " Poesia, 1919. 31 x 38 cm.
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