Nos dias que correm estamos perante uma sociedade cheia de estigmas, rótulos e títulos para tudo o que seja considerado existente. Da mesma forma que aos olhos desta mesma sociedade, encontramos rótulos, encontramos informações que são dispostas de forma à embalagem humana ser comercializada. Assim não se encontra aceitação social para o que é diferente ou que causa algum tipo de estranheza perante o que é comum, habitual e que é confortável, a uma grande percentagem da população mundial.
"Para Butler, uma Drag Queen é um exemplo paradigmático da performatividade, pois na sua teatralização de género no palco há uma dissonância entre sexo, género e desejo. Para Butler, a drag corporifica repetições que rompem com os contextos normativos de produção de identidades e as suas convenções, e explicita os mecanismos mesmos da sua produção: ao sobrepor determinada biologia com estilizações específicas do corpo (a linguagem aí incluída), a drag coloca a artificialidade das identidades literalmente sob os holofotes." - Vanderley, Luciano (2017). "Performatividade, Corpo e Gênero: Drag Queen".
"O género é uma construção social, no entanto, ainda hoje é compreendido através de uma visão essêncializadora e naturalizadora que se baseia num aparato de saberes biológicos para reiterar a existência de um alinhamento entre género, sexo, prática sexual e desejo. Se nos enquadrarmos nesse alinhamento significa estar em consonância com as normas vigentes na nossa sociedade, e todos(as) aqueles(as) que fogem ou provocam nele deslocamentos são tidos(as) como inferiores e indesejáveis, não sendo reconhecidos como seres inteligíveis e estando, então, passíveis de exclusão. O objetivo principal desse estudo constitui em compreender a relação entre a construção parodística das Drag Queens e a construção social dos papéis de género, dando prosseguimento à tentativa de desvendar as trajetórias e as compreensões sobre o género em pessoas que se encontram fora dos limites impostos pela lógica binária que valida apenas a existência do masculino e feminino, colocando-os como opostos e passíveis de categorização.2 Através do ato estético-político da construção da figura da Drag Queen acredita-se ser possível estar e cruzar a fronteira dos géneros, tendo uma identidade ambígua ou indefinida e explicitando o caráter artificialmente imposto das identidades fixas, sendo um meio para mapear dispositivos que funcionem em prol da ruptura das ontologias e possibilitem outras formas de vivências que resistam às categorizações socialmente construídas, trazendo potência para a promoção de uma multiplicidade de possibilidades de existência" - Campana, Nathalia Sato (2017). "O ato político por trás da drag queen: desmontando o essencialismo dos gêneros".
Desta forma e após alguma pesquisa, deparei-me com uma campanha promotiva da marca Gillette produzida em Espanha, que trata exatamente estes mesmos ideiais. (https://ourselvesonline.com/hay-que-ser-muy-hombre-nueva-campana-de-gillette-espana-de-la-mano-de-proximity-madrid/)
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