quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Ornamentos tipográficos


A invenção do livro impresso veio modificar o modo de como o livro é produzido, para quem é produzido e o seu propósito. Pois veio democratizar a possibilidade de “qualquer” indivíduo ter acesso ao saber, claro que inicialmente “qualquer pessoa” se restringe aqueles de “boas posses”, visto que a sociedade ocidental europeia na sua larga maioria, o povo, seria analfabeta; E a leitura e escrita provavelmente não estaria entre as suas prioridades…
            Visto principalmente como um objeto funcional nesta primeira “fornada” e não tanto como um objeto de fruição. No entanto, os tempos mudam e assim como as vontades, outrora algo que estaria restrito a um número muito restrito de pessoas, atualmente pode-se constatar que está largamente liberalizado, encontrando-se presente no conhecimento coletivo das sociedades, sendo difícil não haver uma única casa que não tenha pelo menos um livro, e aliás, fala-se da possibilidade de este desaparecer com a proliferação das novas tecnologias da informação.
            A par da ilustração que de certo modo, que para além de “narrar” um evento, este de um certo modo também acaba por assumir o propósito de decorar o impresso. No entanto na tipografia existem elementos tipográficos em que a sua principal função é ornamentar o impresso, de modo a embelezar este. Os ornamentos tipográficos surgem em várias formas, tais como: Frisos, normalmente nas obras impressas da oficina são colocadas na abertura de um capítulo ou então da obra na parte superior; Gravuras, pequenos elementos gráficos de temática principalmente vegetalista (cestos de plantas e flores, e encontra-se também elementos geométricos), encontram-se na maioria das vezes no final de um capítulo e/ou da obra, preenchendo espaços em branco; Vinhetas, definem-se por ser elementos tipográficos decorativos pequenos, de diversos padrões que tomam o lugar das gravuras, servindo portanto para o mesmo objetivo, sendo também recorrente a construção de frisos e filetes (emolduravam as folhas de rosto dos livros) através da montagem de várias vinhetas; Tarjas, tinham a mesma função que as filetes assim como o preenchimento de espaços em branco. Com formato paralelepipédico, continham elementos fitomórficos, que por vezes se conjugavam, com figuras fitomórficas e antropomórficas e por fim, as Capitulares, que também se categorizam como um elemento ornamental, principalmente de temática fitomórfica, sendo, no entanto, possível encontrar com elementos antropomórficos e zoomórficos.


Fig.01-  Friso da obra Tratado da forma dos libellos.
Fig.02. Friso na obra Tratado da forma dos libellos, conjunto de vinhetas que formam um friso.

Fig.03- Gravura na obra A Termindo
 Sipilio arcade romano: Epistola,
 temática fitomórfica (romã).

Fig.04- Vinheta na obra Tratado da forma dos libellos.


Fig.05- Tarja na obra Agricultor perfeito.



 Fig.06- Capitular na obra Sermão de Santo Agostinho pregado em
 Santa Cruz de Coimbra no anno de 1770.

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