Maria Keil nasceu em Silves no
dia 9 de agosto de 1914.
Frequentou o curso de Pintura da Faculdade
de Belas Artes de Lisboa.
Pintora, desenhadora,
ilustradora, decoradora de interiores, designer gráfica e de mobiliário,
ceramista, cenógrafa e figurinista, autora de cartões para tapeçaria e, sobretudo,
para composições azulejares, Maria Keil é uma das referências obrigatórias da
criação plástica portuguesa.
Artista inserível na «segunda
geração» de artistas modernistas teve como referência o suíço, Fred Kradolfer, mestre
e verdadeiro mentor das artes e decoração e, a par dele, as revistas
estrangeiras que consultava, particularmente francesas, através das quais
conheceu o trabalho de Cassandre (pintor, criador de cartazes e designer de
fontes tipográficas).
Casou com o arquiteto Francisco
Keil do Amaral, autor do notável Pavilhão português apresentado na Exposição
Internacional de Paris, de 1937, de quem teve o seu único filho, Francisco
Pires Keil do Amaral.
O seu primeiro livro ilustrado foi
Começa uma Vida, de Irene Lisboa (sob
o pseudónimo de João Falco). Uma narrativa vincadamente autobiográfica e
desprovida de artifício, característica da escritora, que foi por Maria Keil entendida
numa via lírica logo expressa pelo desenho: na capa, o «retrato» de Irene
Lisboa numa figuração bidimensional e estilizada de uma menina abraçada a uma boneca
sentada num cadeirão oitocentista com toda a composição inserida numa moldura
retangular recortada que se assemelha a um selo postal.
Histórias da Minha Rua (1953), de Maria
Cecília Correia, foi o primeiro livro com ilustrações
exclusivamente pensadas e sentidas para crianças. O recorte das figuras, a simplicidade
dos motivos, a ausência de claro-escuro, os fundos neutros e a estilização
graciosa e direta, característicos da linguagem gráfica de Maria Keil. Foi no
domínio da ilustração para crianças que Maria Keil melhor se notabilizou. O
contacto com as pessoas da «Casa da Praia», obra de assistência para crianças
problemáticas, despertou Maria Keil para este universo.
Ilustrou numerosas
obras nomeadamente livros para crianças: A
noite de Natal, de Sophia de Mello Breyner Andresen; O cantar da Tila, As botas de meu pai, O cavaleiro sem espada, História
de um rapaz, Joana Ana, O palhaço verde e Segredos e brinquedos, todos de
Matilde Rosa Araújo, entre tantos outros. Escreveu e ilustrou três livros para
crianças e dois para adultos: O
pau-de-fileira, Os presentes e As três maçãs; Árvores de domingo e Anjos do
mal e também fez ilustrações para revistas, nomeadamente Panorama, Seara Nova, Vértice, Ver e crer
e Eva.
Maria Keil deixou uma obra vasta e
multifacetada: pintura, sobretudo retratos; publicidade; tentativas de
renovação da talha em madeira para móveis e desenho de móveis; decoração de
interiores; cartões para tapeçarias (Hotel Estoril Sol, TAP de Nova Iorque,
Copenhaga, Madrid, Casino Estoril, etc.); pinturas murais a fresco; cenários e
figurinos para bailados; selos; azulejos (Metropolitano de Lisboa, Av. Infante
Santo, TAP de Paris e Nova Iorque, União Elétrica Portuguesa, Casino de
Vilamoura, Aeroporto de Luanda, etc.); e ilustração.
A sua obra é produto de uma
exigência estética e de comunicação com o exterior, nunca esquecendo quem o iria
apreciar e sempre de acordo com os princípios e a harmonia que impunha à sua criação.
Referência bibliográfica
Maria Keil. Ilustradora.
Mostra bibliográfica
de 9 setembro 20 novembro de 2004 na Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa: BNP,
2004.
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