terça-feira, 26 de novembro de 2019

Maria Keil. Ilustrações e grafismo intemporais


Maria Keil nasceu em Silves no dia 9 de agosto de 1914.

Frequentou o curso de Pintura da Faculdade de Belas Artes de Lisboa.

Pintora, desenhadora, ilustradora, decoradora de interiores, designer gráfica e de mobiliário, ceramista, cenógrafa e figurinista, autora de cartões para tapeçaria e, sobretudo, para composições azulejares, Maria Keil é uma das referências obrigatórias da criação plástica portuguesa.

Artista inserível na «segunda geração» de artistas modernistas teve como referência o suíço, Fred Kradolfer, mestre e verdadeiro mentor das artes e decoração e, a par dele, as revistas estrangeiras que consultava, particularmente francesas, através das quais conheceu o trabalho de Cassandre (pintor, criador de cartazes e designer de fontes tipográficas).

Casou com o arquiteto Francisco Keil do Amaral, autor do notável Pavilhão português apresentado na Exposição Internacional de Paris, de 1937, de quem teve o seu único filho, Francisco Pires Keil do Amaral.

O seu primeiro livro ilustrado foi Começa uma Vida, de Irene Lisboa (sob o pseudónimo de João Falco). Uma narrativa vincadamente autobiográfica e desprovida de artifício, característica da escritora, que foi por Maria Keil entendida numa via lírica logo expressa pelo desenho: na capa, o «retrato» de Irene Lisboa numa figuração bidimensional e estilizada de uma menina abraçada a uma boneca sentada num cadeirão oitocentista com toda a composição inserida numa moldura retangular recortada que se assemelha a um selo postal.


Histórias da Minha Rua (1953), de Maria  Cecília Correia, foi o primeiro livro com ilustrações exclusivamente pensadas e sentidas para crianças. O recorte das figuras, a simplicidade dos motivos, a ausência de claro-escuro, os fundos neutros e a estilização graciosa e direta, característicos da linguagem gráfica de Maria Keil. Foi no domínio da ilustração para crianças que Maria Keil melhor se notabilizou. O contacto com as pessoas da «Casa da Praia», obra de assistência para crianças problemáticas, despertou Maria Keil para este universo.

Ilustrou numerosas obras nomeadamente livros para crianças: A noite de Natal, de Sophia de Mello Breyner Andresen; O cantar da Tila, As botas de meu pai, O cavaleiro sem espada, História de um rapaz, Joana Ana, O palhaço verde e Segredos e brinquedos, todos de Matilde Rosa Araújo, entre tantos outros. Escreveu e ilustrou três livros para crianças e dois para adultos: O pau-de-fileira, Os presentes e As três maçãs; Árvores de domingo e Anjos do mal e também fez ilustrações para revistas, nomeadamente Panorama, Seara Nova, Vértice, Ver e crer e Eva.

Maria Keil deixou uma obra vasta e multifacetada: pintura, sobretudo retratos; publicidade; tentativas de renovação da talha em madeira para móveis e desenho de móveis; decoração de interiores; cartões para tapeçarias (Hotel Estoril Sol, TAP de Nova Iorque, Copenhaga, Madrid, Casino Estoril, etc.); pinturas murais a fresco; cenários e figurinos para bailados; selos; azulejos (Metropolitano de Lisboa, Av. Infante Santo, TAP de Paris e Nova Iorque, União Elétrica Portuguesa, Casino de Vilamoura, Aeroporto de Luanda, etc.); e ilustração.

A sua obra é produto de uma exigência estética e de comunicação com o exterior, nunca esquecendo  quem o iria apreciar e sempre de acordo com os princípios e a harmonia que impunha à sua criação.

Referência bibliográfica
Maria Keil. Ilustradora. Mostra bibliográfica de 9 setembro 20 novembro de 2004 na Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa: BNP, 2004.

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