Olimpia Zagnoli é uma ilustradora
italiana que tem em seu portfolio trabalhos para The New Yorker, Taschen,
Google, Vanity Fair, The New York Times, The Guardian, Fendi e outras várias empresas
importantes.
Suas ilustrações coloridas e
geométricas são fruto de uma construção de repertório consciente. Zagnoli busca
inspiração em suas origens italianas. Primeiro no seu cotidiano de infância no norte da
Itália, onde cenários planos e os horizontes chapados que via ao andar horas de trem inspiraram sua atual paixão por listras. E nos grandes artistas e designers italianos. São os principais deles Fortunato Depero
e Bruno Munari. É possível ver isso por exemplo por meio da utilização da cor
preta sólida junto a cores vibrantes como o rosa que é característico no
futurismo de Depero (em cima) e entra de forma alegre e despretenciosa nos
trabalhos da ilustradora (em baixo).
Mas Olimpia também
tem uma visão muito autêntica sobre os signos e mensagens que desenvolve. Fruto
de seu tempo ela utiliza seus grafismos de forma política e representativa
pensando em historias que não as suas para criar composições inclusivas. Uma de
suas primeiras peças de destaque foi para o The New York Times. O tema era Nova
Yorke e Olivia ilustrou com suas cores vibrantes e lúdicas de costume, a
diferença foi tornar negro o tom de pele da personagem que tinha cabelos
laranja.
Outro caso que marca
sua responsabilidade com a narrativa de suas ilustrações é o trabalho que fez
para marca de massas Barilla. Essa marca alguns anos antes foi criticada por
ter se recusado a trabalhar com casais que chamaram de "fora do
tradicional padrão italiano", as propagandas apenas mostravam casais
heterossexuais. Então Olimpia em um ato de rebeldia ao ser convidada para
ilustrar as embalagens de macarrão escolheu representar um casal homoafetivo de
mulheres para contradizer a própria marca. A embalagem acabou sendo aceita pela
direção de arte, mostrando que as críticas anteriores causaram algum efeito no
posicionamento da Barilla.
Em entrevistas a italiana
ressalta para jovens ilustradores a importância da construção de uma identidade
autoral por meio do autoconhecimento, das buscas por repertório condizente com
vossa origem. E mediante essa construção gráfica autoral, a percepção de que
existe uma responsabilidade do ilustrador ao narrar histórias. Qual é a vossa
história? Qual história está sendo narrada na ilustração? Ela é inclusiva? Qual
é vossa voz dentro da ilustração? São perguntas fundamentais ao trabalhar com
ilustração.
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