No passado mês de Novembro decorreu o festival leffest. O
leffest é um festival de cinema que tem como objectivo a comemoração da 7ª
arte, disponibilizando uma programação cinematográfica de excelência.
No dia 18 de Novembro foi exibido o filme de Lars von Trier –
Antichrist, no cinema Medeia
Monumental. Nesta apresentação, o actor Willem Dafoe encontrava-se presente.
Tivemos o privilégio de assistir a uma pequena sessão de apresentação do filme,
onde foram colocadas questões ao actor.
O actor revelou que tinha um carinho especial por esta obra,
devido ao facto de ser um filme provocante e revolucionário. Willem Dafoe
confessou também que gostava sempre de se envolver em projectos que resultassem
na discussão e questionamento da arte em si. O actor considerou esta
experiência extremamente positiva, que conduziu a um crescimento pessoal e
profissional.
Após esta pequena sessão de questões, procedemos à
visualização do filme.
O filme Anti-Christ, que estreou em 2009, é organizado por
capítulos. Encontra-se dividido por Prólogo, Capítulo Um, Capítulo Dois,
Capítulo Três, Capítulo Quatro e Epílogo.
Esta obra, protagonizada por Willem Dafoe e Charlotte
Gainsbourg começa por nos apresentar dois seguimentos de cenas distintos. Apresenta-nos
um casal num acto de amor apaixonado, intercalado com cenas do seu filho. A
criança é-nos apresentada enquanto sobe a janela de uma cozinha e cai da
janela, acção que resulta na sua morte. A partir deste momento, o filme é
desenvolvido em torno da forma como a mãe da criança lida com a morte da mesma,
enquanto o pai tenta ajudar a mesma a ultrapassar esta perda.
Durante a visualização desta obra achei curioso, porque
verifiquei que ao meu lado existia alguém que ingeria uma gelatina e do outro
lado observei que estava presente uma pessoa notoriamente indisposta. Considero
que estas duas pessoas acabaram por representar o impacto que este filme tem
nos espectadores. No sentido que, ou é considerada uma obra de culto em que o
simbolismo a ela inerente, a torna numa obra de grande peso e provoca ou existe
uma aversão total perante a temática abordada e o cariz chocante e agressivo
das imagens apresentadas.
Este filme tem um aspecto extremamente imersivo, que nos transporta
para um ambiente simbólico e extremamente surreal. É a representação da reacção
de duas pessoas ao luto, e a forma como tentam ultrapassar este período e compreender-se
mútuamente.
O realizador Lars Von Trier admitiu que a criação deste
filme resultou de um período menos agradável na sua vida. Revelou que se
encontrava extremamente depressivo, e que esse facto se transpôs para uma
representação visualmente agressiva e chocante.
Considero que o Anti-christ
foi uma excelente inclusão no programa do Leffest, visto que é uma obra de
extrema relevância a nível cinematográfico. É um filme que redefiniu os limites
cinematográficos e gerou discussão, que de certa forma alterou a forma de representar
e pensar o cinema.
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